As obras de mobilidade urbana em Cuiabá já provocaram queda de 36% nas vendas do comércio e resultaram na demissão de 20% dos funcionários do setor, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), apresentado pelo presidente da entidade, Júnior Macagnam, durante audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (10).
"É importante salientar que a partir do momento que a pessoa cria um novo hábito, ela passa a comprar em outro local, ela dificilmente volta àquele local. Além da queda da venda, quando regularizar tudo isso, o comércio vai ter um trabalho de reconquistar esses clientes. Então realmente o comércio vem sofrendo, não só o comércio como os serviços e é importante o Governo de Estado, Prefeitura Municipal, as entidades trabalharem ajuntos para minimizar esses impactos", pontuou Júnior.
Júnior explica que um dos problemas é a falta de um cronograma de obras, que é, inclusive, uma das reivindicações da CDL. "A gente sabe que com o cronograma eu vou conseguir organizar, eu vou dar férias para colaboradores, vou comprar menos para a minha loja, faço mais vendas online, foco em motoboy para fazer entrega. A falta de cronograma é um fator que nos incomoda bastante", esclarece o gestor.
Para os lojistas do Centro de Cuiabá, a preocupação também é grande. Ibrahim, que é dono de uma loja de eletrônicos personalizados, desabafa sobre como a situação vem incomodando, por conta do trânsito parado e pela sujeira acumulada.
"Trânsito atrapalhando, essas barragens que ficam atrapalham. As máquinas estão aí já faz semanas. Então, é obra que não acaba mais. Eles não são eficientes, porque essa obra já devia ter terminado. Ali não tem eficiência, atrapalha a nossa vida", afirma o comerciante.
Para Sueli, dona de uma loja de flores e decorações, que já está no local há mais de 30 anos, o problema da poeira e dos buracos pode impactar muito no seu comércio. "Já começou pela poeira, pelas buraqueiras. Isso já teve um transtorno para nós aqui. Na limpeza da loja, cliente que já demora para chegar porque a pista já está mais estreita. A logística já não está tão fácil, já mudou bastante. A gente já percebeu isso", afirma a lojista.
Sueli relata ainda que a queda é notória, pois, em momentos que costumava ter maiores lucros ainda não viu resultados. "O movimento já teve uma queda bem grande. No começo do mês, normalmente, o comércio é bom. Do dia 1 ao dia 15, por aí, as vendas são boas. E até agora, este mês, ainda não reagiu. Então estamos assustados por não ter movimento na loja", lamenta Sueli.
Em meio ao contexto considerado caótico, Júnior afirma que a CDL está trabalhando para concretizar a criação de um núcleo de trabalho para o acompanhamento das obras que envolva o Tribunal de Contas, Governo de Estado, Prefeitura, Ministério Público e a própria Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá. A ação é uma medida que visa minimizar os impactos negativos e escutar os comerciantes cuiabanos.
"A nossa grande preocupação em relação à Avenida da Prainha, [é] porque ali é uma região muito mais adensada, com muito mais comércio, com muito mais emprego. Então, o que a gente sugere é a criação de um grupo de trabalho para que a gente possa acompanhar esse cronograma e informar os nossos lojistas, para que o impacto seja o mínimo possível na questão de emprego e na questão até de fechamento de lojas", finaliza.
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