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Variedades Quarta-feira, 24 de Julho de 2024, 09:52 - A | A

Quarta-feira, 24 de Julho de 2024, 09h:52 - A | A

MOBILIDADE E SAÚDE PÚBLICA

Número de motos cresce 41% em Cuiabá e agrava problemas no trânsito da capital

Pesquisadora da UFMT aponta que o aumento no número de veículos traz diversos prejuízos também para a saúde da população.

Pnb online

Na última década, Cuiabá viu o número de motos em circulação crescer aproximadamente 41%, passando de 79.211 em 2014 para 111.734 em 2024, conforme dados do Ministério dos Transportes. O crescimento é bastante superior ao dos automóveis, que no mesmo intervalo de tempo registrou cerca de 24% de variação. Rápidas e mais baratas, as motocicletas representam hoje uma solução que virou problema na maior cidade do estado.

Cuiabá é atualmente a 8ª capital brasileira com maior taxa de motocicletas para cada 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Teresina, Rio Branco, Porto Velho, Palmas, Goiânia, Campo Grande e Boa Vista.  Enquanto a média nacional é de uma moto para cada 8 habitantes, em Cuiabá a proporção é mais elevada, com uma moto para cada 5,8 habitantes. Alternativa a um transporte público caro e ineficiente, a opção pelo veículo de duas rodas cresce na mesma velocidade que as mortes e feridos em acidentes com motos.

Dados divulgados em maio pelo Boletim Informativo da Vigilância dos Acidentes de Trânsito, elaborado pela Vigilância Epidemiológica de Cuiabá, revelam que, em 2022, 58% dos acidentes fatais de trânsito na capital envolveram motociclistas. Foram registrados 89 óbitos, com uma predominância de vítimas do sexo masculino, que representaram 83,1% dos casos. A faixa etária mais afetada pelos acidentes fatais é de 10 a 39 anos, abrangendo tanto adolescentes quanto jovens adultos.

Um problema de saúde pública

“O aumento do número de veículos particulares traz diversas consequências negativas como o aumento de congestionamento, poluição e acidentes de trânsito. Ele demonstra a falta de planejamento da cidade, principalmente no que tange à priorização do transporte público. Olhando especificamente para motos, além de uma questão de trânsito, estamos diante de um problema de saúde pública devido ao grande número de acidentes”, explica Juliana Chegury, professora no curso de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). 

Chegury aponta que o aumento no número de veículos traz diversos prejuízos. Entre os problemas identificados estão o risco de colapso das vias, que não suportam a crescente demanda, a ineficiência no deslocamento em várias áreas da cidade e questões relacionadas à poluição do ar, causada pela queima de combustíveis fósseis, além do aumento do estresse na população.

Cuiabá entre as capitais com as tarifas mais caras do país 

Para a pesquisadora, que tem se dedicado a pesquisas sobre mobilidade urbana, esses problemas poderiam ser mitigados com um investimento adequado em um transporte público que seja melhor e mais acessível. Com a tarifa do transporte público custando R$4,95, Cuiabá figura atualmente no ranking das 10 capitais brasileiras com as passagens de ônibus mais caras do país.

“Para reduzir esse aumento é necessário maior investimento em um transporte público de qualidade, com reduzido tempo de viagem e maior confiança de horários, maior fiscalização, além de subsídio do transporte público a fim de reduzir seu custo para a população mais carente. Se o transporte público oferecesse qualidade, acredito que tanto carros quanto motos poderiam ser menos utilizados”, afirma a pesquisadora. 

Além disso, ela destaca a importância de rever as rotas, a quantidade de veículos, os horários e, também, o conforto dos usuários, com veículos climatizados, especialmente em cidades de clima quente como Cuiabá. Questões de segurança também desmotivam o uso do transporte público, sendo um fator frequentemente apontado pelos usuários, principalmente pelas mulheres, devido aos riscos de assaltos e assédios. “Precisamos de mais incentivo ao uso do transporte público”, finaliza.

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Juliana Chegury, Arquiteta e Urbanista, professora no curso de Engenharia de Transportes da UFMT.

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