Cuiabá, 14 de Novembro de 2024

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Variedades Quarta-feira, 09 de Outubro de 2024, 14:17 - A | A

Quarta-feira, 09 de Outubro de 2024, 14h:17 - A | A

FURACÃO MILTON

Cuiabanos na Flórida se protegem e temem pelo pior: "Assustador"

Governo norte-americano ordenou que a região seja evacuada; fenômeno é o maior em um século

Midianews

Cuiabanos que vivem na Flórida relataram nesta quarta-feira (9) o temor pela chegada do furacão Milton, de categoria 5, que deve atingir o estado nas próximas horas. 

Um deles é Bruno Henrique Pereira, 24 anos, cuiabano que se mudou para Tampa há dois anos em busca de uma vida melhor e oportunidades de emprego. 

À reportagem, Bruno relatou sua preocupação sobre a iminente tempestade. "Já deixei a minha casa e estou em Panamá City, que também fica na Flórida, mas um pouco mais afastado do risco", explicou. 

As ruas da sua cidade já mostravam os efeitos do furacão Helena, que atingiu recentemente o Estado, deixando um rastro de destruição.

"As casas estão todas danificadas, não há nada dentro delas, tudo foi jogado fora. Eu estava trabalhando na construção e vi tudo isso de perto", contou Bruno. 

A intensidade do furacão Helena ainda ecoa nas memórias dos residentes. "Foram 200 vítimas até agora, e muitas pessoas ainda estão desaparecidas", afirmou. 

Com a aproximação de Milton, o clima entre os moradores é de desespero. "As pessoas estão com mais medo do Milton porque o olho do furacão vai pegar direto em Tampa", disse Bruno, notando que muitos já preparavam suas casas para a tempestade. 

"Estava tudo com madeira nas janelas e portas, e o trânsito nas estradas era intenso. Muitos caminhões do Exército e de energia estavam indo na direção oposta à nossa, indicando a seriedade da situação". 

O Governo norte-americano fez um alerta e ordenou que a região seja evacuada.  

O impacto emocional da situação é profundo. "É assustador, uma coisa que no Brasil não acontece. É como algo de filme", relatou. Ele e sua esposa tomaram a difícil decisão de deixar suas coisas para trás, buscando um lugar seguro. "É um clima de sobrevivência", disse. 

Bruno planeja retornar a Tampa após a passagem do furacão na sexta-feira (11), mas está ciente de que poderá encontrar sua casa danificada ou até irreconhecível. "O olho do furacão pode passar a qualquer momento. Não tem como prever onde ele vai atingir com precisão. É complicado, eu nem quero pensar nisso". 

A também cuiabana Ana Luisa Mello Ferreira, 29 anos, que faz doutorado em Ciências Políticas na Universidade da Flórida, também temem as consequências da tempestade.  

Ana Luisa, que vive em Gainesville há dois anos, optou por permanecer em casa. "O furacão vai atingir a Flórida inteira, mas os lugares mais preocupantes são aqueles próximos ao mar", explicou. 

O prédio onde ela mora é construído em blocos de cimento, oferecendo uma resistência maior. "Aqui, as árvores podem cair e a energia pode acabar, mas não estamos em uma área de risco imediato." 

Após a passagem do furacão Helena, que ocorreu há duas semanas, muitos moradores de Gainesville ainda estão se recuperando. "Metade da cidade ficou sem luz. Temos que nos preparar para ficar dias sem energia novamente", disse.

Com a experiência anterior, ela e seu namorado já se organizaram: "Temos um estoque de comida e água, além de lanternas e velas. Estamos prontos para enfrentar o que vier." 

A situação é particularmente crítica para aqueles que vivem em áreas costeiras, como sua sogra, residente de Tampa. "Ela está preocupada porque mora de frente para um canal. Já veio para cá e trouxe o gato, enquanto meu sogro decidiu ir para um abrigo", relatou. O clima de incerteza permeia a comunidade. 

"Ela disse que pode não ter casa para voltar." 

Ana Luisa também observou que o impacto do furacão Milton pode ser ainda mais severo do que o do Helena. "Milton já virou categoria cinco e está se intensificando rapidamente. Cedar Key, que foi completamente alagada pelo Helena, pode ser atingida novamente", alertou. 

Apesar do medo, Ana Luisa percebe um sentido de resiliência entre os moradores da Flórida. "Aqui, a população está acostumada. Tem até quem organize o que chamam de 'Hurricane Party', onde as pessoas se reúnem para passar a tempestade juntas", comentou, expressando sua surpresa com a naturalidade com que os locais lidam com a situação. 

Para ela, ser uma brasileira em meio a essa realidade é algo desafiador. "Na primeira vez que experimentei um furacão há dois anos atrás, fiquei apavorada. Era tudo muito novo. Mas agora, com o apoio da comunidade brasileira e de amigos, me sinto mais tranquila", disse. 

Ana Luisa reconhece, no entanto, a gravidade da situação: "Estou preocupada com aqueles que vão perder tudo, muitos têm casas e famílias a perder, o resgate pode demorar para localizar essas pessoas." 

As preparações seguem, e Ana Luisa se sente aliviada com a organização dos governos locais. "Os abrigos já estão abertos, e temos orientações claras do Governo que é muito eficiente. Não me sinto sozinha", afirmou. Com a tempestade se aproximando, ela sabe que a solidariedade e a resiliência serão essenciais para enfrentar os desafios que virão.

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