O Conselho Regional de Contabilidade de Mato Grosso (CRC-MT) arquivou uma representação disciplinar contra uma contadora ex-funcionária da Unimed Cuiabá. A profissional havia sido denunciada ao CRC-MT e acusada por Rubens Carlos de Oliveira Júnior, ex-presidente da cooperativa, de ser a responsável por um prejuízo contábil de R$ 400 milhões na Cooperativa.
O valor milionário foi identificado no Balanço Contábil de 2022, revisado por uma auditoria independente contratada pela atual gestão da Unimed Cuiabá.
Conforme a auditoria realizada pela atual gestão, foram identificados outros 13 pontos preocupantes ocorridos na gestão de Rubens.
Após ser derrotado nas urnas e tomar conhecimento de que a atual gestão estava fazendo uma revisão do balanço, Rubens de Oliveira usou como estratégia de defesa imputar a responsabilidade do rombo para a contadora que, à época, era a responsável pelo setor contábil da Unimed Cuiabá.
A profissional, no entanto, esteve em assembleia geral ordinária da Unimed Cuiabá na qual foi reprovado o balanço contábil de 2022. Essa assembleia ocorreu no dia 04 de março de 2023, e a contadora afirmou publicamente ter sido pressionada a assinar o balanço contábil referente às contas da gestão de Rubens de 2022.
Em sua defesa, a profissional teria afirmado ter alertado Rubens que não poderia proceder com o balanço da forma que ele e outros membros da administração da época teriam orientado. A contadora revelou ainda que teria feito um parecer que foi ignorado pelo ex-presidente.
A contadora demonstrou que a preocupação dos ex-gestores era deixar um balanço contábil positivo a qualquer custo.
Dentre os ex-gestores citados no documento de defesa da ex-contadora da Unimed Cuiabá está a superintendente administrativa-financeira, Ana Paula Parizotto, subordinada ao então CEO da cooperativa, Eroaldo de Oliveira. Junto com Rubens de Oliveira, ambos são investigados de terem atuado no rombo milionário.
"Eles não queriam mostrar o rombo nos cofres da cooperativa, por isso, a vontade incessante da Sra. Ana Paula em deixar as contas pelo menos positivas, bem como a atitude do presidente em não querer que ela fizesse um parecer técnico sobre o déficit, mas tão somente lhe passasse uma lista com informações em mãos de forma informal", revela a contadora nos documentos de defesa.
Arquivamento
O Conselho Regional de Contabilidade de Mato Grosso (CRC-MT) arquivou o processo informando que a contadora não cometeu infração ética e justificou que ela cumpriu o que estabelece a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC).
A decisão, portanto, afasta a tese de Rubens de Oliveira Júnior de que a culpa pelo rombo de R$ 400 milhões aos cofres da Unimed Cuiabá seria um erro da contadora.
O ex-presidente da Unimed Cuiabá, Rubens de Oliveira Júnior, e a médica Suzana Aparecida Rodrigues dos Santos Palma, ex-diretora administrativa-financeira, foram eliminados da cooperativa no mês de maio deste ano por unanimidade. Rubens também foi desligado da Federação Unimed Mato Grosso e das funções que ocupava na Unimed do Brasil.
A representação contra ambos foi feita pela atual Diretoria Executiva da Unimed Cuiabá, que também tomou providências nas esferas cível e criminal.