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Variedades Terça-feira, 02 de Abril de 2024, 09:00 - A | A

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Dia Mundial do Autista

86,4% dos funcionários nunca foram treinados sobre neurodiversidade

Estudo mostra que quase metade dos entrevistados nunca trabalhou diretamente com pessoas neurodivergentes, veja quais políticas corporativas podem mudar esse cenário

Layane Serrano
Exame.

Você sabe o que é neurodiversidade?  O termo "neurodiversidade" foi criado em 1998 pela socióloga australiana Judy Singer, que é autista. Singer usou o termo para destacar que as diferenças neurológicas, como autismo, TDAH, dislexia, entre outros, devem ser reconhecidas e respeitadas como qualquer outra variação humana, como as diferenças de gênero, etnia ou cultura, e não como deficiências.  

Apesar de diversidade, equidade e inclusão ser um dos temas mais discutidos nas empresas atualmente, a pesquisa "Neurodiversidade no Mercado de Trabalho", realizada pela Consultoria Maya, em parceria com a Universidade Corporativa Korú, e apoio da startup Tismoo.me e do Órbi Conecta, aponta a falta de conhecimento circulante acerca da neurodiversidade:

- Do total dos entrevistados, 75% estão familiarizados com o termo “neurodiversidade”, o que inclui TEA e outras condições, sendo 48,6% com conhecimento limitado.
- Outros 25% nunca haviam tido contato com a expressão.
- O levantamento também revelou que 86,4% nunca participaram de treinamentos ou programas relacionados ao tema no ambiente corporativo.

O estudo considerou uma base de 12 mil estudantes e profissionais ligados à Koru, e está sendo divulgado nesta terça-feira, 2 de abril, data estabelecida desde 2007 pela ONU como o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo para difundir informações para a população e assim reduzir a discriminação e o preconceito sobre as pessoas afetadas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA).

"Pessoas neurodivergentes podem ter Transtorno de Espectro do Autismo [TEA], Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade [TDAH], Dislexia, Síndrome de Tourette, entre outras condições, e nenhuma delas as impede de exercer atividades profissionais”, diz Francisco Paiva Jr., cofundador e CEO da Tismoo.me, startup de tecnologia em saúde, comprometida em melhorar a qualidade de vida de pessoas autistas e com outras neurodivergências. “Precisamos desmistificar esses termos e normalizar a presença de pessoas atípicas no ambiente de trabalho”.  

A pesquisa mostrou que, no ambiente de trabalho:

- Quase a metade dos entrevistados nunca trabalhou diretamente com pessoas neurodivergentes,
- 21,4% tiveram experiências desafiadoras,
- Apenas 30% consideraram ter experiências positivas.

“O fato de que certas características que encontramos em algumas pessoas surgem em razão de uma questão neurológica atípica não as tornam piores que ninguém e devem ser acolhidas. Precisamos falar mais sobre neurodiversidade em nossas rotinas”, afirma Paola Carvalho, diretora criativa da Consultoria Maya, mãe de um menino autista.

Como as empresas podem acolher?

Vale destacar ainda que 40% dos entrevistados acreditam que a criação de programas de sensibilização e treinamentos para colaboradores seria a melhor estratégia para promover a inclusão de pessoas neurodivergentes no local de trabalho. Outras soluções seriam:

- Oferecer ajustes razoáveis como ambientes de trabalho flexíveis e tecnologias assistivas (29,3%),
- Estabelecer programas de mentoria ou apoio para colaboradores neurodivergentes (16,4%),
- Criação de um comitê de neurodiversidade (7,1%).

Quais são os desafios e oportunidades?

A maioria dos entrevistados apontou que a neurodiversidade traz benefícios para o ambiente de trabalho, como promover um espaço com mais criatividade e inovação, fortalecer a cultura de equipe, fomentar um ambiente de aprendizado, aumentar a satisfação e o engajamento dos colaboradores.

O levantamento também identificou que a falta de compreensão de colegas e da liderança foi apontada como um dos principais desafios enfrentados por neurotípicos no ambiente de trabalho (62,9%). Do total, 55% acreditam que é possível combater os estigmas e preconceitos por meio de programas de conscientização e educação e outros 42,9% por meio de política de inclusão e suporte.

O aumento de neurodivergentes no mundo

Apesar de o autismo ter um número relativamente grande de incidência, foi apenas em 1993 que essa condição de saúde foi adicionada à Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, afirma Paiva Jr.

“A demora na inclusão do autismo neste ranking é reflexo do pouco que se sabe sobre a questão. No Brasil, temos apenas um estudo de prevalência de TEA até hoje, um estudo-piloto, de 2011, em Atibaia (SP), de 1 autista para cada 367 habitantes, liderado pelo médico pesquisador Marcos Mercadante”, diz. “A pesquisa foi feita apenas em um bairro de 20 mil habitantes da cidade. Segundo a estimativa da OMS, o Brasil pode ter mais de 2 milhões de autistas.”

É importante ressaltar que essas pessoas com TDAH e autismo não são portadoras de patologias ou doenças, mas sim contribuem com uma rica diversidade de experiências e habilidades na sociedade. São transtornos e não doenças. 

“O respeito por essas diferenças neurocognitivas é crucial para a construção de uma sociedade inclusiva e acolhedora, onde todas as pessoas sejam valorizadas e respeitadas em suas singularidades”, afirma Paiva Jr.

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