Cuiabá registrou 193 mortes por diabetes mellitus em 2024, segundo levantamento da Vigilância em Saúde da capital divulgado nesta sexta-feira(18.07) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS/Cuiabá). A maior parte das vítimas (81%) tinha 60 anos ou mais. De acordo com a pasta, a doença afeta mais de 35 mil pessoas cadastradas na rede de atenção básica do município.
A análise, do Centro de Informação Estratégica de Vigilância em Saúde (CIEVS), mostra que a faixa etária com maior número de mortes foi a de 80 anos ou mais (30,5%), seguida pelas de 60 a 69 anos (25,9%) e 70 a 79 anos (25,3%). A mortalidade prematura, entre 30 e 69 anos, correspondeu a 43,5% dos casos.
“Esse dado indica falhas no diagnóstico precoce, no controle glicêmico e na adesão ao tratamento, especialmente na atenção primária à saúde”, aponta o relatório técnico elaborado pela Gerência de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Vigilância Epidemiológica de Cuiabá.
Do total de óbitos, 58% foram de mulheres. A predominância feminina pode estar relacionada a fatores como estresse psicossocial e alterações metabólicas durante a vida reprodutiva, segundo a Federação Internacional de Diabetes.
A escolaridade também se mostrou um fator importante. A maioria dos mortos tinha até 11 anos de estudo, e apenas 9% haviam concluído o ensino médio ou cursado o ensino superior. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, cada ano adicional de escolaridade reduz o risco de morte precoce por doenças crônicas.
A cor parda foi a mais frequente entre os óbitos (51%), seguida por branca (34%) e preta (14%). Para os autores do estudo, esse recorte evidencia desigualdades no acesso a serviços de saúde e cuidados culturalmente adequados.
O levantamento alerta ainda para possível subnotificação, já que complicações associadas ao diabetes, como infarto, AVC e insuficiência renal, muitas vezes aparecem como causa principal da morte, ocultando a condição de base. O documento recomenda o fortalecimento da atenção básica, ações de educação em saúde e campanhas locais para prevenção e diagnóstico precoce da doença. Também propõe melhorias no monitoramento de pacientes e na qualidade das informações registradas nos sistemas públicos de saúde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o diabetes é responsável por 1,6 milhão de mortes por ano em todo o mundo. A Sociedade Brasileira de Diabetes estima que 10% da população brasileira conviva com a doença.
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