As vereadoras por Cuiabá, Baixinha Giraldelli (Solidariedade) e Michelly Alencar (União Brasil), são contra o aborto mesmo em casos de estupro de mulheres e meninas menores de 18 anos. O tema foi reacendido na Câmara de Cuiabá após a presidente do Legislativo, Paula Calil (PL), propor uma moção de apoio a dois projetos que tramitam no Congresso Nacional.
A primeira proposta quer impedir a interrupção legal da gestação de meninas menores de 14 anos, vítimas de violência sexual, ou em risco gestante e ou anencéfalos. Já a segunda proposta, criminaliza a prática de aborto, mesmo em casos que já são permitidos por lei, com pena de 22 anos de reclusão.
Em conversa com a imprensa, Baixinha iniciou seu discurso de maneira contraditória, dizendo que todos tem direito de ir e vir e que cada um é responsável pelo seu próprio corpo. Contudo, ela mudou de ideia e passou a dizer ser totalmente contra o aborto, sob alegação de que se "Deus quis", independente de ser fruto de estupro ou não, fetos não devem ter a vida interrompida.
"Quem pode tirar a vida é uma pessoa só, Deus. Acabou. Se Deus acha que essa pessoa vai perder naturalmente, aí é coisa de Deus. Se essa criança veio através de um estupro ou do desejo, não importa, é porque ela deveria vir ao mundo. Esse é o meu pensamento [...] Se essa criança veio, alguma missão ela tem na terra, não importa se ela veio por amor ou dor, se veio pelo estupro, não importa", disparou.
A vereadora Michelly Alencar prometeu apoiar a moção de Paula, sustentando que não se pode tolerar a execução de bebês acima de 22 semanas de gestação: "Sou uma combatente dos abortos, mesmo em casos de estupro. Acredito que 22 semanas estamos falando de um feto totalmente desenvolvido, de uma outra pessoa".
Por fim, a vereadora Maysa Leão (Republicanos), alegou que não apoiará a proposta de apoio de Paula, e demonstrou completa estranheza com a propositura, principalmente por estarmos próximo ao dia internacional da mulher: "Certamente não vou votar favorável".
"É inaceitável que a gente revitimize a vítima. É inaceitável que a gente pense em cercear direitos que foram conquistados a muito custo e que a gente coloque em vulnerabilidade mulheres que já estão por si só. E sempre vou defender", pontuou.
A moção de apoio de Paula deve retornar na sessão da próxima terça-feira. A liberal ainda conta com o apoio da primeira-dama, vereadora Samantha Iris (PL), e demais vereadores conservadores.