O presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin, criticou de forma contundente o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira (10), ao comentar a possibilidade de uma tarifa de 50% imposta pelo governo americano sobre produtos brasileiros.
Durante entrevista à imprensa, Bortolin classificou a situação como "péssima" e alertou para um possível "dano econômico muito grande" para Mato Grosso, um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do país.
Segundo o dirigente, a eventual medida teria impacto direto sobre a economia mato-grossense, exigindo uma readequação no comércio exterior que, segundo ele, seria “complexa e demorada”, devido à necessidade de encontrar e consolidar novos mercados.
Bortolin associou a decisão de Trump a interesses políticos, levantando críticas sobre uma possível relação entre a taxação e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil. Para ele, qualquer tentativa de interferência baseada em assuntos internos compromete o princípio da soberania nacional.
"Não é possível que o maior líder mundial acabar prejudicando uma nação inteira de mais de 200 milhões de habitantes devido a uma situação política nacional", declarou Bortolin.
O presidente da AMM também destacou que a imposição de barreiras comerciais por motivações políticas representa uma ameaça à estabilidade econômica e desrespeita a autonomia de países soberanos. Na avaliação dele, transformar disputas políticas internas em sanções comerciais internacionais "demonstra um desrespeito à autonomia de outra nação".
Cenário incerto e necessidade de novas estratégias
Apesar das críticas ao ex-presidente americano, Bortolin reconheceu a importância de o Brasil manter uma política comercial diversificada. Ele mencionou a ampliação das relações com a China e apontou mercados como Europa e Índia como alternativas estratégicas.
Ainda assim, defendeu que o país mantenha laços sólidos com os Estados Unidos. Para ele, é fundamental buscar o "fortalecimento comercial entre as Américas, ou seja, entre o Brasil e os Estados Unidos."
O setor produtivo, segundo Bortolin, espera que prevaleça o bom senso econômico e que a retaliação comercial não seja usada como instrumento de pressão política, evitando prejuízos a setores essenciais da economia brasileira.
Entenda a taxação de Trump
A justificativa apresentada pelo governo americano para a nova tarifa é que o Brasil manteria políticas tarifárias e barreiras consideradas injustas, o que teria provocado um déficit comercial insustentável para os Estados Unidos.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump fez referência a questões internas do Brasil (como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro) e alegou (ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e a violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos).
A menção a esses temas sugere que a tarifação pode ir além das preocupações comerciais, sendo também uma ferramenta de pressão política.