Cuiabá, 25 de Novembro de 2025

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Política Segunda-feira, 24 de Novembro de 2025, 08:30 - A | A

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CUIABÁ

Morro da Luz: Jardim botânico sonhado por D. Pedro I pode, enfim, sair do papel

Município trabalha para finalizar a formatação do projeto e buscar recursos para sua viabilização

Rdnews

Cravado no coração do Centro Histórico de Cuiabá e marcado pelo abandono, o Morro da Luz poderá se transformar em um jardim botânico, seguindo os moldes do parque existente no Rio de Janeiro. Conforme o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Capital, José Afonso Botura Portocarrero, a ideia é tirar do papel um projeto de 1825, idealizado pelo imperador D. Pedro I, em carta escrita em 24 de setembro de 1825, que integra o acervo do Arquivo Público do Estado de Mato Grosso. “Quanto que a gente já não perdeu de conhecimento dos povos indígenas? Então é uma oportunidade de recuperar isso”, ressalta o secretário.

Na carta, o imperador determinava a criação de um jardim botânico em Cuiabá. O cirurgião-mor, botânico e político Antônio Luiz Patrício da Silva foi incumbido da missão, e o imperador chegou a indicar uma área no prolongamento dos quintais da Santa Casa de Cuiabá, no Morro da Luz.

“A Antônio Luiz Patrício da Silva Manso. Havendo SMI autorizado ao presidente desta Província, por portaria expedida pela Secretaria d’Estado dos Negócios do Império, em data de 24 de setembro de 1825, para mandar organizar um Jardim Botânico nas vizinhanças desta cidade de Cuiabá, onde se cultivem todas as plantas indígenas e exóticas que parecerem úteis, donde se forneçam aos agricultores as sementes com as noções necessárias sobre a respectiva cultura, método de preparar frutos [...]” — trecho do documento histórico. 

A proposta, entretanto, nunca avançou e, hoje, o local está abandonado, inseguro e se tornou ponto de uso de drogas. Portocarrero explica que o projeto ainda está na fase de formatação, mas acredita que é plenamente viável.

Na semana passada, quando a carta completou 200 anos, o pesquisador do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, doutor Claudio Nicoletti de Fraga, esteve em Cuiabá para debater a proposta durante palestra realizada no auditório da Energisa.

“Ele [Claudio Nicoletti] disse o seguinte, no final da palestra: ‘Olha, vocês têm ouro em pó nas mãos. Então não deixem o vento levar’.” 

Portocarrero detalha que Nicoletti fez questão de frisar que Antônio Luiz Patrício da Silva Manso colocou Cuiabá no mapa mundial da botânica, sendo tão importante que há uma planta batizada em sua homenagem — a Mansoa.

“Ele era um botânico que se correspondia com outros cientistas pelo mundo inteiro, inclusive com [Johann Baptist von] Spix e [Carl von] Martius, que vieram na expedição da princesa Leopoldina, quando ela veio para casar, e que fizeram um trabalho fantástico, a Flora Brasiliensis, que é um negócio incomparável. O Patrício da Silva Manso tinha contato com eles”, frisa o secretário.

Francinei Marans

Claudio Nicoletti de Fraga

Claudio Nicoletti de Fraga

Formatação do projeto

Portocarrero explica que, no mês passado, foi feito um reconhecimento de todas as árvores já sem vida no morro, que nunca haviam sido retiradas.

“Identificamos uma por uma — são 109 árvores — e estamos tratando agora de conseguir o material para a retirada delas e, depois, fazer o cadastramento de todas as árvores e espécies que existem no morro, já como parte do suporte para a criação do Jardim Botânico.”

Emanoele Daiane

Morro da Luz

Num segundo momento, a ideia é finalizar a formatação do projeto e buscar recursos para sua viabilização. “A chimbuva, uma árvore que pouca gente conhece, que pouca gente sabe identificar; a aroeira, o guaraná ralado que a gente toma — como é a árvore do guaraná ralado? Então o Jardim Botânico é algo que ensina também. Não é só um espaço de passeio, de lazer, mas é um museu vivo. Ele está aberto, e as pessoas podem entrar, bem no centro da cidade. É um espaço que estamos relegando a uma condição de pouco uso, quando poderia ser um ponto de convivência. Quem espera o ônibus pode estar dentro do Jardim Botânico, pode estar em cima do Jardim Botânico. Enfim, é a nossa história”, finaliza.

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OZAIR NUNES BEZERRA 24/11/2025

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