Durante a abertura do Encontro da Indústria do Setor Elétrico 2025, realizado em Cuiabá nesta terça-feira (20.05), o secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Fábio Garcia (União), anunciou o lançamento de um novo programa estadual que pretende ampliar a infraestrutura energética no estado. Batizada de MT Trifásico, a iniciativa é uma parceria entre o Governo Estadual e a concessionária Energisa e deve começar a ser executada ainda este ano.
Segundo Garcia, o programa prevê que o Estado entre com recursos próprios, a fundo perdido, ou seja, sem expectativa de retorno financeiro. O objetivo é a construção de novas redes de energia trifásica. A meta é reduzir os gargalos de fornecimento, especialmente no interior, e destravar o crescimento industrial de Mato Grosso.
O nome do programa faz referência ao fornecimento de energia trifásica, um tipo de rede elétrica com maior capacidade de carga, mais estável e adequada ao uso de máquinas e equipamentos pesados. Hoje, muitas áreas rurais de Mato Grosso ainda são atendidas por redes monofásicas, que não suportam a demanda de agroindústrias, silos, sistemas de irrigação ou refrigeração.
“Será uma parceria em que o Governo faz investimentos, que é obviamente dinheiro dos mato-grossenses, sem buscar retorno, para que a gente possa ajudar a fazer infraestrutura energética no estado. Levar energia trifásica para o nosso desenvolvimento industrial e que isso não pese sobre a tarifa de energia”, afirmou o secretário.
A iniciativa segue os moldes do programa homônimo do Paraná, criado em 2019, que já resultou na construção de 25 mil quilômetros de redes trifásicas no campo. Em Mato Grosso, o projeto começou a ser discutido em novembro do ano passado, a partir de uma proposta do deputado estadual Diego Guimarães (Republicanos), com foco na melhoria do fornecimento para a agroindústria, a armazenagem e os pequenos produtores.
Garcia disse que o Governo ainda finaliza as minutas do convênio com a Energisa e que os valores a serem investidos, assim como a data oficial de lançamento, devem ser divulgados em breve. A expectativa, no entanto, é que a implantação comece ainda em 2025.
“A gente quer contribuir e resolver esse gargalo, que naturalmente é do Governo Federal junto à distribuidora local, mas o Estado quer cooperar para que a gente possa propiciar desenvolvimento industrial no Estado”, explicou o secretário em entrevista ao PNB Online durante o evento.

Tarifa como entrave à industrialização
O evento em que Garcia anunciou o programa acontece até esta quarta-feira e é promovido pelo Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sindernegia). Um dos principais temas discutidos durante a abertura foi o custo da energia elétrica em Mato Grosso, que pode afastar indústrias do estado.
Conforme apurado pela redação, o Governo Estadual pretende atuar junto ao Ministério de Minas e Energia para garantir investimentos federais em infraestrutura elétrica de base, como subestações e linhas de transmissão, e para obter maior previsibilidade na contratação de energia de fontes renováveis, como as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), setor que tem forte presença no estado.
Durante sua fala, Garcia defendeu maior articulação institucional com a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e com o Sindenergia para pressionar o Governo Federal por mais investimentos. “Estamos à disposição para irmos até o Governo Federal cobrar os investimentos hoje necessários para que a gente possa explorar o nosso potencial energético remanescente e cobrar também mais planejamento para o setor”, afirmou.