O Ministério Público Federal (MPF) apura indícios de que, durante a gestão do ex-presidente Rubens Carlos de Oliveira Júnior, a Unimed Cuiabá tenha efetuado pagamentos a um escritório de arquitetura por serviços que nunca teriam sido prestados.
A suspeita integra as investigações da Operação Bilanz, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2023 para apurar um suposto esquema de fraude contábil de R$ 400 milhões na cooperativa médica. Na última semana, a Justiça Federal retirou o sigilo do caso.
Entre os contratos investigados está o da Tharine Rocha Arquitetura, contratada em 1º de abril de 2022 para elaborar projetos e acompanhar obras. O escritório recebeu dez parcelas mensais que totalizaram R$ 166.474,20, mas não há comprovação da execução dos serviços. A possível irregularidade foi apontada na petição que embasou a operação, na qual o ex-presidente chegou a ser preso.
O depoimento do ex-coordenador de suprimentos da cooperativa, Osvaldo Nilson Felipe da Silva, reforçou as suspeitas. Ele afirmou que o contrato com o escritório foi elaborado dentro do setor Jurídico da Unimed, prática considerada incomum.
Segundo Osvaldo, a contratação seguiu o mesmo padrão da empresa Alyander Bielik Rubio, do ramo de limpeza, que recebeu R$ 2,7 milhões da cooperativa sem comprovação de ter prestado serviços.
Ainda conforme o MPF, o ex-coordenador relatou em depoimento “que as mesmas circunstâncias excepcionais que envolveram a suspeita contratação de Alyander Bielik Rubio também se fizeram presentes com relação à Tharine Rocha Arquitetura”.
O documento acrescenta que “ele não tinha conhecimento de qualquer serviço prestado e que também esse contrato havia sido elaborado diretamente no setor jurídico, sem solicitação de área demandantes e com pagamentos determinados pela ‘alta gestão’ da Unimed, à revelia de prévias medições”.
A investigação também identificou vínculos pessoais entre os contratados e ex-dirigentes da Unimed. Tharine e Alyander são casados e amigos próximos de Jaqueline Proença Larrea, ex-diretora jurídica da cooperativa e alvo da Operação Bilanz.
“Por outro lado, a má-fé no caso de Alyander e Tharine se torna evidente, ante os elementos colhidos que apontam que, para além de formarem um casal, são eles amigos íntimos de Jaqueline”, dizem os procuradores. Nas redes sociais, foram encontradas fotos do grupo em festas e jantares.
Outro ponto levantado pelo MPF foi a rescisão contratual entre a Unimed e o escritório de arquitetura. De acordo com os investigadores, o ex-presidente e a ex-diretora administrativo-financeira, Suzana Aparecido dos Santos Palma, também investigada, teriam adulterado a data do rompimento do contrato.
“Antecipando-a para o dia 28/02/2023, com o fim de extinguir a relação contratual simulada antes que a nova diretoria empossada efetivamente tomasse as rédeas da cooperativa”, aponta o documento.
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Juca 25/08/2025
Só malandro
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