A loja de artigos religiosos Casa Ogum, no Centro de Várzea Grande, que foi destruída em um incêndio criminoso na última terça-feira (3), culminou na perda de quase 20 anos de trabalho da proprietária do estabelecimento, Jackeline Viana Franco, de 42 anos.
A ação criminosa foi filmada por câmeras de segurança da região, que registrou um homem ainda não identificado ateando fogo no teto da loja, que se alastrou pela estrutura de madeira no telhado e consumiu o imóvel em menos de uma hora.
Ao MidiaNews, Jackeline relatou que a loja era o alicerce financeiro de sua família, e recentemente teriam contraído um empréstimo para impulsionar as vendas e dar início a novos projetos. Agora, sem seguro para auxiliá-la, a situação chegou a um ponto crítico.
Segundo ela, o local já havia sido invadido e sofreu vários furtos anteriormente, porém nunca houve um ataque dessa magnitude. Pela loja ser um ponto de venda de artigos de religião de matriz africana, houve a suspeita de o crime ser por intolerância religiosa, mas Jackeline negou.
“Eu nunca sofri discriminação religiosa aqui. Conheço pessoas de várias religiões, tenho amizade com muita gente. Foi algo muito inesperado. Nunca houve nenhuma ameaça, nenhum desentendimento. Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer”, disse ela.
“A gente trabalha com tanto amor, com tanta fé e respeito. Nunca destratamos ninguém. Nós vendemos artigos para católicos também, sempre recebemos todos com educação. Infelizmente, isso aconteceu comigo, e espero que peguem essa pessoa, para que ela não faça mais mal a outras famílias”.
A dona da loja relatou que o homem subiu no telhado do imóvel pela lateral, após escalar a cerca. Já no telhado, ele desparafusou o forro, entrou na loja e furtou diversas mercadorias. O homem ainda estourou vários estalinhos, que eram vendidos na loja, antes de atear fogo.
"O vídeo que conseguimos é das câmeras do Ciosp. A gente tirou as câmeras da loja porque a gente íamos mexer no forro, justamente por causa da invasão dessas pessoas em situação de rua que entravam aqui”.
A perda foi especialmente dura para Jackeline, que já vinha enfrentando um momento difícil em sua vida pessoal com a saúde debilitada de seu pai. A pior notícia chegou no dia do incêndio, data em que o idoso foi diagnosticado com câncer.
"Meu pai está com câncer e vai precisar fazer quimioterapia. Já temos outra pessoa na família passando por isso, então já estávamos fragilizados emocionalmente. A loja era o que nos sustentava, era daqui que eu ajudava a minha família. Agora, perdemos tudo".
"Esse ponto existe há mais de 40 anos. Eu comecei a trabalhar aqui quando tinha 17 anos, e aos 20 e poucos vendi minha casa para comprar o ponto. Hoje, com 42 anos, vejo tudo o que construí sendo destruído. Como o prédio ficou muito danificado, vai precisar ser demolido”.
A solidariedade da comunidade tem sido uma das poucas fontes de alívio para Jackeline, que tem recebido doações por meio de uma vaquinha online e também outras propostas de auxílio.
"Minha irmã abriu uma Vakinha para nos ajudar a reerguer. A gente vive em um mundo materialista, então precisamos de dinheiro para pagar contas, comer. Graças a Deus, foram só perdas materiais. A perda de uma vida é muito pior, de uma existência, é muito pior. Sei que vamos recomeçar”.
O caso está sendo investigado pelo delegado André Monteiro, da 1ª Delegacia de Polícia de Várzea Grande.
Caso haja interesse em participar da vaquinha, as doações podem ser realizadas pelo site: https://www.vakinha.com.br/5062712 ou através do PIX de Jackeline, o CPF 94608539191.