O caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, que confessou ter matado o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso, Renato Gomes Nery, disse que comprou a arma utilizada no crime por R$ 1,5 mil. A arma, uma Glock G17, calibre 9 mm, com seletor de rajada, é considerada rara pelos delegados da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá. O crime aconteceu em julho de 2024.
Segundo apurado pelo Rdnews, em novo depoimento na DHPP, Alex afirmou que a pistola pertencia a um homem já falecido, que não teve a identidade revelada. Além disso, Alex também confirmou que recebeu cerca de R$ 100 mil, em diversos pagamentos de R$ 5 mil e R$ 6 mil, para executar o crime.
A arma chamou atenção dos agentes da DHPP, já que ela é rara. “Essa arma não é uma arma de localização fácil nas ocorrências. Isso eu falo com propriedade, porque estou há mais de 5 anos na homicídios aqui [DHPP]. Eu nunca encontrei um armamento dessa forma. Eu nunca fui a uma ocorrência onde vai encontrar uma pistola Glock com esse equipamento. É uma pistola muito cara”, apontou o delegado Caio Albuquerque, titular da DHPP.
Por conta do seletor, ao invés de fazer apenas um disparo por vez, a arma deflagra todos os projéteis ao acionar o gatilho.
"A pessoa, quando vai efetuar o disparo, provavelmente vai acertar outras pessoas. Tanto que, na morte do Renato, pelo que a gente entendeu, houve sete disparos, [sendo que] apenas um chegou à cabeça, o resto dos disparos se espalhou. Uma munição foi parar no mercado [ao lado], podendo ter matado outras pessoas", disse.
Conforme já publicado, a confissão de Alex aconteceu na manhã dessa quinta-feira (15) e confirma também o depoimento do policial militar, 3º sargento da Força Tática, Heron Teixeira Pena Vieira, que confessou que havia contratado o caseiro para executar o crime. Ainda em seu depoimento, o caseiro teria demonstrado arrependimento pelo crime.
Alex e Heron já foram indiciados pela DHPP pelo crime de homicídio qualificado pela promessa de recompensa e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O caseiro está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) e o policial encontra-se detido em um batalhão da PM na Capital.
Além deles, o casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos também foi preso. Eles foram detidos na última sexta-feira (09) suspeitos de serem os mandantes do crime. Conforme a Polícia Civil, eles teriam contratado o policial militar Jackson Pereira Barbosa para intermediar o homicídio - mesma função que teria sido exercida pelo policial Ícaro Nathan Santos no crime.
Jackson, segundo as investigações, teria contratado Heron Teixeira Pena Vieira que, por sua vez, contratou Alex para executar o crime.
Já os policiais militares Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos e Wekcerlley Benevides de Oliveira foram indiciados por suspeita de elo em um falso confronto no Contorno Leste, em Cuiabá. Os suspeitos teriam forjado esse confronto para plantar a arma utilizada no assassinato de Nery.
Caso
Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo no dia 5 de julho do ano passado, na porta de seu escritório, na Capital. O advogado foi socorrido e submetido a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, porém não resistiu e morreu horas após o procedimento médico.
Desde a ocorrência do homicídio, a DHPP realizou inúmeras diligências investigativas, com levantamentos técnicos e periciais, a fim de esclarecer a execução do profissional. As investigações da DHPP apontam a disputa de terra como a motivação para o homicídio do ex-presidente da OAB-MT.