Cuiabá, 16 de Setembro de 2025

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Ligando os pontos Sexta-feira, 05 de Setembro de 2025, 08:34 - A | A

Sexta-feira, 05 de Setembro de 2025, 08h:34 - A | A

Anistia

Tarcísio será ungido se conseguir anistia

Indulto seria um cheque em branco

Alex Solnik

Ao lançar o mote “se for eleito presidente eu dou o indulto”, o governador Tarcísio achou que cairia nas graças do clã que julga estar ainda no poder e teria dado um grande passo para ser o candidato do futuro presidiário, mas levou tiro de tudo quanto foi lado. Está chamuscado até agora. Há dias, subitamente, mudou o disco, passou a liderar a campanha pela anistia. Por que mudou? Mudou por que?

Do jeito que as coisas estavam colocadas, Bolsonaro abençoaria Tarcísio como seu sucessor antes e, caso eleito, ganharia o indulto, o que equivaleria a dar um cheque em branco.

 

Indulto é uma promessa. É o futuro. Quem garante que será cumprida quando Tarcísio já estiver lá? Que vantagem Bolsonaro levaria? Apoia Tarcísio agora, para receber a contrapartida depois! Por isso, Bolsonaro, pressionado pelo entorno a indicar um sucessor o quanto antes, passou uma lição de casa para seu pupilo: lute pela anistia, se conseguir, será meu candidato. É uma espécie de gincana, um reality show que, ao que tudo indica, o governador topou.

Só que aí tem um problema. Ou dois.

Os jornalões que estão piscando o olho para ele - sabe-se lá encantados com o quê - são radicalmente contra a anistia aos golpistas, sobretudo ao capo di tutti capi, como vemos nos editoriais de hoje. Tanto eles, quanto a Faria Lima não querem ver Bolsonaro nem pintado. Estão por aqui. Ainda mais agora, às vésperas de ser condenado pelo maior crime contra a democracia. Os investidores precisam da democracia para tocar seus negócios. Tudo o que não querem é um ditador.

Se Tarcísio continuar no papel de cachorrinho de madame do notório golpista, que se chegar ao poder de novo vai trazer de volta o clima de instabilidade e tentar dar um golpe de novo, a Faria Lima vai virar as costas para ele. Quanto mais parecer que seu suposto futuro governo terá a cara de Bolsonaro, pior. Quanto mais ele se apegar a Bolsonaro, mais comprometido estará seu futuro político. 

Tarcísio está andando no fio da navalha. Se der um pé na bunda de seu godfather será dizimado pelo gabinete do ódio e ficará sem seus eleitores; se insistir no abraço de afogado ficará sem seus grandes e polpudos apoiadores. Mas terá de escolher: ou está com a democracia ou com seu amigo que tentou acabar com ela. 

O segundo problema é que, mesmo se conseguir a anistia no Congresso, ela será barrada no STF, a jurisprudência do caso Daniel Silveira não deixa mentir. Então sua campanha não dará em absolutamente nada de prático. Bolsonaro vai cumprir sua pena direitinho. E ele sairá queimado desse episódio infame.

Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do MT EM PONTO.

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