A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contestou a decisão judicial que nomeou o advogado Thiago Daian da Luz Barros como gestor provisório da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF). A entidade encaminhou uma manifestação formal à Justiça de Mato Grosso e pediu que o decreto seja reconsiderado, nomeando assim o nome de Luciano Dahmer Hocsman, atual presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).
Com base no artigo 49 do Código Civil, a juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 4ª Vara Cível de Cuiabá, nomeou na última segunda (26) Thiago Barros para comandar a FMF de forma provisória. O advogado teria o papel exclusivamente temporário e instrumental, com a missão de manter o funcionamento da Federação, garantir a realização de nova eleição e prestar contas mensais ao Judiciário.
A CBF, por sua vez, se posicionou no assunto e alegou risco de sanções da FIFA, solicitando assim a substituição imediata do advogado pelo dirigente do futebol gaúcho, que deverá assumir o posto de interventor até a realização de novas eleições na FMF.
"A nomeação de verdadeiro interventor alheio ao sistema normativo do futebol realizada por este I. Juízo, justamente em caso de comprometimento da ordem administrativa e diante de justa causa clara, pode provocar graves danos ao desporto matogrossense, uma vez que, configurando-se intervenção do Poder Judiciário, poderia ter consequências negativas por parte da FIFA", explicou a CBF.
De acordo com a CBF, Luciano, além de possuir vasta experiência na gestão de entidades do desporto, tem a imparcialidade necessária para conduzir e liderar os rumos da Federação Mato-Grossense enquanto o processo eleitoral, com a eleição do novo mandatário da filiada, não for realizado.
Na portaria, a CBF explicou que a ausência de dirigente legitimamente eleito para representar a entidade acarreta inegáveis prejuízos não só ao regular andamento das próprias atividades administrativas, mas também afetaria os interesses dos clubes locais.
A entidade máxima do futebol disse ainda que a FIFA e a CONMEBOL repudiam, de forma expressa, a intervenção de terceiros na tomada de decisões e, em especial, na escolha dos dirigentes das entidades de administração do futebol, o que, se acaso não remediado, pode ensejar a punição da própria CBF, entidade nacional responsável por zelar e garantir o cumprimento das normas impositivas da lex sportiva no território nacional.
"Nomear o sr. Luciano Dahmer Hocsman, inscrito na OAB/RS sob o nº 43.157, para exercer, interinamente, a Presidência da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul a partir do dia 27 de maio de 2025, podendo praticar todos os atos, de gestão e administração, necessários ao exercício do mandato e ao regular andamento da entidade, e enquanto não for eleito novo Presidente, após a realização de processo eleitoral atestado e validado pela CBF. Empossado novo Presidente, a Portaria cessará os seus efeitos imediatamente", diz a portaria.
Luciano Dahmer é advogado, graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul em 1997, com curso de especialização em Contratos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O presidente da FGF também é pós-graduado em Direito Desportivo pelo Instituto Brasileiro de Direito Desportivo e Instituto Nacional de Ensino Jurídico.
A Justiça de Mato Grosso deve analisar a manifestação da CBF e poderá manter a nomeação de Thiago Daian da Luz Barros ou aceitar o pedido de intervenção com o nome de Luciano Dahmer Hocsman.
A reportagem do Rdnews encontrou em contato com a FMF, mas não teve retorno até o momento.