Cuiabá, 07 de Dezembro de 2025

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Polícia Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025, 11:42 - A | A

Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025, 11h:42 - A | A

BATMAN E ARLEQUINA ENTRE FORAGIDOS

Facção de Mato Grosso paga até R$ 80 mil por mês para se abrigar em comunidades dominadas no Rio de Janeiro, revela Gaeco

Da Redação

Facções do Comando Vermelho (CV) de Mato Grosso têm buscado refúgio em comunidades dominadas pelo tráfico no Rio de Janeiro, desembolsando até R$ 80 mil por mês para garantir abrigo e proteção, segundo investigações do Ministério Público do Estado (MPMT). O levantamento é conduzido pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e aponta que pelo menos 15 integrantes da facção migraram para o Sudeste nos últimos meses, aproveitando a estrutura de segurança e influência territorial de grupos criminosos cariocas.

De acordo com o promotor-chefe do Gaeco, Adriano Roberto Alves, parte do pagamento é feita em espécie — cerca de R$ 50 mil — e o restante em armas de alto calibre, avaliadas entre R$ 20 mil e R$ 30 mil cada. Só em 2025, o grupo enviou 16 fuzis a comunidades como Rocinha, Vidigal, Penha e o Complexo do Alemão, utilizando carros e ônibus para o transporte do armamento.

As provas do esquema, conforme o Ministério Público, foram encontradas em celulares apreendidos em operações recentes. “Eles foram para o Rio porque aqui a polícia entra em qualquer lugar”, afirmou o promotor, em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo. “Lá, não. É um território dominado, como a Faixa de Gaza — o Estado não tem soberania.”

Integração entre facções e fuga da repressão policial

As investigações indicam que o Comando Vermelho de Mato Grosso mantém uma relação de cooperação com as facções do Rio, baseada em trocas de armamentos e drogas por abrigo e influência territorial. “Eles mandam fuzis e drogas em troca de refúgio”, detalhou Adriano Alves. “Pagam caro por essa proteção e, em troca, continuam comandando o tráfico de Mato Grosso à distância.”

Segundo a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), o CV é atualmente a maior facção criminosa em atividade no Estado, com cerca de 10 mil membros ativos e movimentação financeira que ultrapassa R$ 1 milhão por mês. A organização se consolidou a partir de 2013, com origem na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, e hoje domina o tráfico em aproximadamente 95% das cidades mato-grossenses, exceto em parte do Nortão, onde ainda há influência do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ações das autoridades

A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro (SSP-RJ) confirmou, por meio de nota, que mantém ações conjuntas com outros estados para combater a migração de criminosos. A pasta destacou que participa de reuniões do Conselho Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), onde são discutidas estratégias de integração de inteligência policial.

Durante a Operação Contenção, realizada recentemente, 100 criminosos foram presos e 117 neutralizados, conforme dados oficiais. Desse total, 62 eram de outros estados, incluindo um de Mato Grosso.

Chefes foragidos e liderança remota

Entre os principais foragidos identificados pelo Gaeco está Jonas Souza Garcia Júnior, conhecido como Batman, apontado como líder em liberdade da facção. Condenado a 49 anos de prisão, restando cerca de 35 anos a cumprir, ele fugiu após romper a tornozeleira eletrônica dias depois de obter progressão para o regime semiaberto, em 25 de setembro. O Ministério Público já solicitou seu retorno ao regime fechado.

Segundo o órgão, Batman ocupa o cargo de conselheiro do CV, com atuação direta em tráfico de drogas, extorsão e jogos ilegais. Ele foi visto em 21 de julho na casa do rapper Oruam, filho do líder nacional do Comando Vermelho, Márcio dos Santos Nepomuceno (Marcinho VP), durante uma operação policial, mas conseguiu escapar.

Outra liderança de destaque é Angélica Silva Saraiva de Sá, conhecida como Angeliquinha, condenada a mais de 250 anos de prisão por homicídios, ocultação de cadáver e organização criminosa. Ela comandava a facção no norte do Estado e foi apontada como responsável por ordenar execuções de suspeitos de ligação com o PCC.

Também foragida está Jéssica Leal da Silva, apelidada de Arlequina, liderança em Juína, a 735 km de Cuiabá, com dezenas de processos por tráfico, tortura e homicídio. Ela é citada em investigações por comandar os chamados “tribunais do crime”, onde rivais são julgados e punidos com extrema violência.

Angeliquinha e Arlequina escaparam da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, em Cuiabá, no dia 17 de agosto, após serrarem as grades da cela, fato que desencadeou uma operação conjunta entre a Polícia Civil e o Sistema Penitenciário, ainda sem êxito na recaptura.

As forças de segurança de Mato Grosso e do Rio seguem trocando informações de inteligência sobre a movimentação dos criminosos. O Gaeco afirma que novas operações interestaduais devem ocorrer até o fim do ano para desarticular a rede de apoio e logística das facções.

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